18 de Maio, 2012
Depois de uma semana intensa, com actividades que percorreram a Região Oeste e envolveram muitas organizações – empresas, associações, escolas profissionais, escolas de ensino básico e câmaras municipais – divulgando a segurança e a qualidade da nossa horticultura e dos nossos produtos, a iniciativa Horticultura do Oeste abre portas à sociedade terminou com um grande encontro de encerramento que reuniu muita gente no restaurante Os Severianos. Foi um momento importante para balanço da iniciativa mas não só…  Estiveram presentes representantes autárquicos de vários municípios, representantes de vários partidos com assento parlamentar na Assembleia da República, representantes da DRAP LVT, entre outros convidados que se juntaram a muitos profissionais do sector hortícola para pensar e articular esforços na construção do futuro da horticultura da Região Oeste.

 
Para ler o discurso de encerramento do Presidente da AIHO, Eng. António Gomes, clique em ler mais.


« Boa noite,
Sr. Deputado Helder Silva, representante
do Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata;
Sr. Deputado Miguel Freitas,
representante do Grupo Parlamentar do Partido Socialista;
Sr. Ricardo Moreira, representante do
Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda;
Sr. Presidente da Câmara Municipal de
Torres Vedras Carlos Miguel;
Sr. Vice presidente da Câmara Municipal
de Peniche Jorge Amador;
Sr. Director Regional de Agricultura e
Pescas de Lisboa e Vale do Tejo Nuno Russo;
Sr. Director da escola profissional de
Penafirme, António Esteveira;
Representante da Escola de Serviços e
Comércio do Oeste (ESCO) Prof. Luísa Mira;
Representante da Escola profissional
Agrícola Fernando Barros Leal, Prof. Patrícia Monteiro;
A todos os órgãos de
comunicação social presentes, horticultores e profissionais da horticultura do
oeste, meus amigos,
Esta semana a
Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste juntamente com os seus
associados, abriram as suas portas à sociedade. Este é um conceito com duplo
sentido: abrimos portas à sociedade porque estivemos e continuamos a estar
disponíveis para receber visitantes que queiram conhecer o circuito dos
produtos hortícolas até à distribuição, dando a conhecer as nossas práticas e
preocupações com a segurança alimentar e a preservação ambiental; mas também
abrimos portas à sociedade porque acreditamos convictamente que a Horticultura
da Região Oeste representa realmente uma saída para muita gente, somos um
sector dinâmico e produtivo, capaz de gerar valor e emprego, mesmo na actual
situação de crise.
Sempre que há um
grupo de cidadãos que visita a horticultura da região estamos a promover os
nossos produtos e a sensibilizar consumidores. Muitas serão as escolas do país
que vão incluir estas visitas nos seus planos de actividades do próximo ano
lectivo. No final, todos sairão mais esclarecidos e conseguirão responder às
seguintes questões:
·       
Em que alturas do
ano é que os diversos produtos hortícolas do Oeste estão disponíveis no
mercado?
·       
Como é que são
produzidos e quanto tempo demora esse processo?
·       
Que sistemas de
produção hortícola existem?
·       
Quais as actuais
preocupações ambientais, ecológicas e de segurança alimentar dos horticultores
do Oeste?
·       
Como e em que
condições é que os nossos produtos chegam aos mercados?
Durante esta semana
levámos a horticultura e os produtos hortícolas a algumas das principais
cantinas do Ensino Básico do concelho de T. Vedras, Peniche e Lourinhã, e
contactámos com muitas centenas de crianças numa acção de sensibilização sobre
a importância do consumo de produtos hortícolas do Oeste para a saúde e
bem-estar da população, onde todos os alunos levaram algum material com
informação sobre a nossa horticultura e uma pequena planta para plantar e
acompanhar o seu crescimento em casa, como forma de sensibilização familiar.
Também esta semana,
iniciámos uma colaboração com as escolas profissionais de Hotelaria e Turismo
da região, a Escola Profissional de Penafirme e a Escola de Serviços e Comércio
do Oeste (ESCO), a quem lançámos o desafio de confeccionar entradas e
sobremesas com produtos hortícolas da nossa região. Anunciamos agora a nossa
pretensão de reforçar esta relação, talvez através de protocolos, e lançamos
desde já um novo desafio aos nossos “Chefes”: realizar um concurso de confecção
de Doces com produtos hortícolas para o próximo ano.
Mas esta semana
intensa culmina hoje neste encontro, que pretende fazer um balanço da
iniciativa e fortalecer as nossas relações, mas também olhar para o futuro e
procurar soluções urgentes para os 
nossos problemas diários.
Estamos a passar um
período difícil, onde não conseguimos ganhar dinheiro há alguns meses, talvez
há mais de um ano e não temos a percepção de quando é que esta situação se vai
alterar. Estamos num período em que, quanto mais produzimos mais perdemos.
Citando alguns
exemplos:
Na horticultura de
ar livre, na passada campanha, a batata foi paga á produção em alguns casos a
metade do preço de custo, pois o seu custo de produção ronda os 15 a 18 cêntimos e o mercado
pagou entre 8 e 12 cêntimos. As abóboras têm sido um produto com crescimentos
importantes na exportação nos últimos anos e esta campanha tivemos quebras de
venda acima dos 50%, com a consequente quebra de preço, foi uma calamidade. As
couves, o Alho Francês, as Cenouras e outras também não atingiram no mercado
preços que cobrissem o custo de produção.
Nas culturas de
estufa, ainda está bem na memória e na conta bancária dos agricultores, o
problema da campanha passada, a E. Coli, que aterrorizou os Alemães e que tanto
nos afectou, apesar das retiradas no final da campanha.
Temos cada vez mais
obrigações que se transformam em custos cada vez maiores e sem retorno no valor
dos nossos produtos.
Os factores de
produção têm aumentado muito, em especial a energia (combustíveis e
electricidade), mas também os pesticidas e adubos.
O ano 2012 não tem
sido um ano fácil, primeiro com o Inverno sem chuva, pois esta seca tão
prolongada alterou o ciclo normal das culturas e não ajudou nada a melhorar os
preços de mercado.
Com a entrada em
vigor da nova taxa de segurança alimentar, não sabemos bem quem vai suportar
este novo custo, esperamos que não seja a produção.
Também não sabemos
quais os espaços comerciais que terão de pagar a taxa,
apenas os da grande distribuição ou também os espaços de comércio por grosso?
Esperamos que não. Não podem taxar duas vezes o mesmo produto, no grosso e no
retalho. Já existem tantas taxas e impostos, pois temos dificuldade em entender
mais esta.
Temos de melhorar a
nossa organização como forma de podermos promover melhor o que temos de bom e
escolher os melhores mercados. Esta região tem sido reconhecida muitas vezes
como inovadora, quer em métodos de produção e até de comercialização, como é o
caso dos “Leilões do Oeste”. Tem sido reconhecida como uma região lutadora,
como por exemplo a resposta ao temporal de Dezembro de 2009. Sabemos produzir
bem, temos boas práticas, temos bons produtos e reconhecidos pelos
consumidores, pois também temos de os saber vender melhor.
Este sector é
dinâmico, oferece bons produtos ao mercado, tanto em qualidade como quantidade,
gera emprego e dinamiza a região e o país, mas está a passar grandes
dificuldades. A solução é simples, é necessário que os distribuidores e
consumidores atribuam prioridade aos nossos produtos no momento da sua
aquisição e, por outro lado, reconheçam a sua justa valorização. Para muitos
produtos basta um acréscimo de 5
a 10 cêntimos / kg para fazer a diferença entre a
falência e o equilíbrio.
O associativismo é
obrigatório, é uma forma de juntar sinergias com um objectivo comum, mas para
conseguimos continuar a nossa actividade, necessitamos de algum apoio por parte
do Estado. Precisamos que nos apoiem nos períodos difíceis, ou nos proporcionem
instrumentos para atingir esse fim, como por exemplo os seguros. Não
necessitamos de um Estado muito interventivo, mas necessitamos de um estado
regulador, que modere o equilíbrio e traga alguma justiça nas relações de
forças.
No circuito
comercial dos nossos produtos, até ao consumidor, nós somos o elo mais fraco,
em especial na relação com a grande distribuição. E esperamos que na relação de
forças entre os grandes, não tenha que ser a produção a suportar os custos, não
aguentamos mais.
Não me vou alongar
mais, apenas em primeiro lugar agradecer a todos os que colaboraram connosco
nesta iniciativa, em especial às escolas. Agradeço também a presença de todos
os presentes e espero que estejam a gostar do nosso jantar.
Obrigado. »

Mais informação sobre esta iniciativa aqui.

Categorias: Noticias

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